sábado, 26 de maio de 2018

O NOSSO TRANSPORTE DE CADA DIA



(Artigo de minha autoria publicado no jornal Correio do Povo em 11/05/18)
O transporte público em Porto Alegre tornou-se totalmente obsoleto graças ao pouco caso das autoridades municipais que permitem aos concessionários agirem como bem desejam. Estes, hoje, impõem aos usuários, além do não cumprimento de horários, ônibus e lotações velhos, sem as mínimas condições de conforto e em alguns casos, até de segurança. Verdadeiras latas velhas a circularem por aí colocando em risco as vidas de passageiros e de transeuntes.
De outra parte, o poder público até hoje não foi capaz de resolver antigos e crônicos problemas, como as rodoviárias a céu aberto das avenidas Borges de Medeiros e Salgado Filho.  Na Borges, outrora uma via importantíssima e hoje degradada, chega a ser surreal ver-se os lotações descerem da Salgado Filho e, ao atingirem a esquina da Andradas, darem volta no canteiro, não sem antes obrigarem-se a uma arriscada manobra, envolvendo marcha-à-ré, para poderem ingressar na pista contrária.
A Prefeitura construiu corredores de ônibus nas principais avenidas por onde passariam os  “consagrados” BRTs. Passariam, pois já desistiram da ideia e foi até a providencial, pois em pouco tempo de uso, as placas de concreto dessas vias – de todas - começaram a se soltar. E os pesados BRTs iriam trafegar por elas. Alguém foi responsabilizado pelo dinheiro gasto nas “obras”? Como sempre, não. E, como sempre, ninguém será...
Considero que a grande solução para o transporte em Porto Alegre não passa por metrô e nem por BRTs, ideias felizmente mortas e sepultadas. Muito menos por essas carcaças ambulantes chamadas ônibus. As grandes cidades do mundo, dentre elas o Rio de Janeiro, estão aderindo ao VLT – Veículo Leve sobre Trilhos, o antigo bonde. Leio sobre pesquisa do Instituto Datafolha mostrando que 92% dos usuários do VLT carioca, ligando o Centro Histórico e o Porto, avaliam o sistema de forma positiva. Sete em cada dez passageiros recomendariam o VLT como uma forma eficiente de deslocamento. Eles transportam, em composições de 44 m, 420 passageiros.  Aqui, poderiam trafegar pelas principais avenidas, usando o mesmo espaço dos atuais corredores de ônibus e operar de forma integrada e aí sim, com os ônibus (mas ônibus de verdade...) que atenderiam o interior dos bairros e/ou vilas.
A implantação do sistema VLT é muito menos dispendiosa do que a do metrô, pois o tráfego se dá em superfície (e não exige necessariamente via segregada). E a adoção do serviço oportunizaria muito mais conforto aos usuários que poderiam contar com veículos sempre limpos, trafegando com rapidez e total isenção dos sacolejos a que estamos acostumados nos ônibus por causa da buraqueira das ruas e que, por quase automáticos, não se sujeitariam aos humores dos seus condutores.
A implantação? A Prefeitura não tem recursos. Mas, para que servem os consórcios?
(Na foto, da Agência Brasil, o magnífico VLT do Rio de Janeiro)



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