Ao sair de casa diariamente sou acometido de uma enorme
nostalgia dos tempos em que Porto Alegre era gerenciada por administradores
operantes, de muita visão e sempre presentes: Loureiro da Silva, Guilherme Socias Villela, Telmo Thompson Flores e João Dib. Olívio Dutra e Tarso Genro não
podem ser esquecidos, mas depois a cidade começou a entrar em decadência até
chegar ao ponto em que se encontra.
A sempre alegada falta de dinheiro não justifica a
buraqueira infernal que os motoristas têm que enfrentar, a falta de sinalização
horizontal nas principais avenidas, a sujeira, os contêineres para lixo
orgânico e seco sendo usados de forma incorreta pela falta de uma efetiva
campanha de conscientização. Não justifica também as avenidas Salgado Filho e
Borges de Medeiros (foto) continuarem sendo uma rodoviária a céu aberto, numa total
confusão que envolve ônibus, lotações, carros particulares, táxis, veículos de
entrega de mercadorias e pedestres. Ainda quanto ao transporte coletivo, somos
obrigados a usar veículos que se assemelham a carroças, sujos, sem o menor
conforto e sem qualquer indicação de que o poder público os fiscalize. Falaram
em padronizar suas cores de acordo com a região a que atendem, mas até hoje há
mais ônibus com as cores antigas do que novas. E isso é sinal que ainda
continuam trafegando carros velhos.
O Centro da cidade é uma terra de ninguém. Qualquer pessoa
age como quer e ninguém coíbe os abusos. As faixas de (in)segurança estão
inacessíveis aos pedestres porque os vendedores de hortifrútis tomaram conta
dos seus acessos. Há ambulantes em demasia, vendendo de tudo e livremente, sendo
essa permissividade uma forma cômoda de justificar a falta de mais empregos. A pavimentação das vias principais é um caos.
Rua da Praia é um desastre, um atentado aos deficientes visuais; Praça da
Alfândega, idem; entorno da Praça XV é um buraco só, reformado que foi há menos
de cinco anos. Posterga-se por vezes seguidas a entrega de obras vitais e/ou de
importância turística para a cidade (caso do lago dos Açorianos).
O atual prefeito tem dito que está conseguindo colocar as
contas em dia. Mas sou capaz de apostar como o dinheiro para os consertos
necessários – guardado – só vai começar a aparecer a partir de janeiro, uma vez
que o nosso gerente já se declarou candidato à reeleição. Até o fim do ano será
esta penúria. Depois, um festival de inaugurações. Aí, pode ser que o sr.
Júnior resolva finalmente, como fazia na campanha eleitoral, andar pelas ruas
da cidade – a que ele vem virando as costas – inspecionando obras.