quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

UMA CIDADE QUE PERDEU A ALEGRIA

Ao sairmos de uma consulta médica na avenida Independência, Virginia e eu resolvemos ir a pé até o Centro da cidade, justamente por recomendação do médico. Percorrendo o trecho, foi-nos invadindo uma nostalgia da Porto Alegre que conhecemos e em que vivemos no passado e que fazia jus ao seu nome. Conhecemos a mesma avenida Independência quando era charmosa, com os belos prédios que a adornavam, mão dupla e pistas separadas por um canteiro, com o vai e vem dos bondes. Chegamos na Praça Dom Feliciano por volta das 19 horas, dia claro ainda, mas já com bem menos gente na rua, e passamos a andar mais rápido, olhando para os lados e para trás. O que observamos até aqui: os belos conjuntos arquitetônicos da Independência deram lugar aos impessoais prédios envidraçados. As casas antigas que restaram estão em condições lastimáveis de conservação, a maioria já tendo passado pela ação dos marginais que emporcalham qualquer parede que encontram pela frente com seus malditos sprays. Nem mesmo o belo prédio da Secretaria Municipal da Cultura - a Casa Torelly - escapou da sanha desses vândalos que se valem da falta de uma legislação mais forte que os puna exemplarmente. O canteiro central, é claro, caiu fora para que a via se tornasse pista de mão única. E os bondes ficaram só na saudade. 
Passando pela praça e percorrendo a rua dos Andradas, nossa nostalgia foi ainda mais forte. Casas que conhecemos íntegras agora já nem tanto. O calçamento de paralelepípedos - que foi tombado segundo consta - esburacado, desparelho, totalmente descaracterizado. Fedentina tomando conta da rua. E por aí afora.
Nossa nostalgia está também em que vivemos um tempo em que as pessoas eram educadas, cultas interessadas, atenciosas, muito menos egoístas, totalmente o oposto de hoje. Há alguns anos as famílias se encarregavam da educação de suas crianças e as mandavam para a escola para ali receberem a formação para a vida. Hoje as famílias esperam que as escolas, além de formarem, também eduquem os seus filhos. Assim, o que esperar de um marmanjo que num ônibus coloca seus tênis imundos sobre o assento onde depois irá sentar uma pessoa com roupa limpa, se em casa sempre permitiram que ele tivesse essa atitude ao sentar-se na sala?
Infelizmente, nosso Portinho, há muito, deixou de ser alegre. Triste, isso! (A foto da Casa Torelly - pichada - é do Jornal do Comércio)

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