INCOMPETÊNCIA À MOSTRA NA PRAÇA

Volto a um assunto que abordei com muita revolta a partir de maio de 2013. Trata-se da questão do prédio que a Prefeitura construiu junto ao lado leste do edifício Querência, da Caixa Econômica Federal, na Praça da Alfândega. Um verdadeiro desrespeito à cultura, total insensibilidade dos que à época gerenciaram a reforma do nosso principal logradouro e custo a acreditar que entre os responsáveis estivessem arquitetos e outros profissionais de áreas afins, normalmente pessoas com sensibilidade acima do normal dos viventes. Pois o prédio, construído para abrigar sanitários, serviços gerais da Prefeitura, banca de jornais, café e outras atividades, foi erguido na frente de uma obra de arte, um magnífico painel finalizado em maio de 1979, que representa a agricultura, a pecuária, a construção e outras atividades exercidas no RS, de autoria do dinamarquês Svend Hensen, que não deve ter cobrado barato para concebê-lo e montá-lo. Com a construção do prédio, esconderam a parte de baixo do painel. Mas, uma obra de arte é para ser observada e admirada na sua totalidade, e não faltando um pedaço, mesmo que seja apenas um centímetro. O que aconteceria se eu chegasse no Museu Iberê Camargo e colocasse um armário na frente de um quadro, e ficasse escondida a roda de um triciclo? Ou escondido um pequeno fragmento de um carretel? Agora é tarde, Inês é morta, mesmo porque o prédio está pronto, faltando apenas ser inaugurado o que ainda não aconteceu, desde 2013. Mas não posso deixar de, mais uma vez, manifestar minha inconformidade e revolta. Enquanto isso, permanece aquele horrendo caixão de concreto, imprestável, como símbolo da incompetência administrativa e da total falta de sensibilidade artística. Apenas funcionam os sanitários, e assim mesmo precariamente. As demais portas permanecem fechadas, como mostra a foto que colhi nesta terça-feira, 31/10/17. E assim, chega mais uma Feira do Livro, assim como outras já chegaram, e os frequentadores terão que, outra vez, conviver com essa demonstração de insensibilidade.