O QUE ACONTECEU COM A LOJA GUASPARI?

A loja Guaspari foi uma das mais elegantes da cidade durante décadas. Ali, as pessoas compravam roupas para toda a família e não só os porto-alegrenses, mas muita gente que vinha do interior aproveitava para dar uma esticada até a famosa casa de comércio. A sua marca estampada nas peças de vestuário era a garantia e a certeza de coisa boa. Mas, de repente, o vistoso edifício em estilo "art déco" que lhe servia de sede, na avenida Borges de Medeiros entre José Montaury e Praça XV, transformou-se em algo horroroso, uma cobertura metálica de gosto duvidoso, e a loja, que era de departamentos, foi dividida em pequenos cubículos abrigando dezenas de lojinhas. Enquanto isso, o prédio de cinco andares, que fora construído junto ao primeiro "arranha-céu" da Capital, o edifício Malakoff, foi se degradando dia a dia, chegando, infelizmente, ao ponto em que se apresenta hoje: fechado e servindo de depósito de lixo em seu redor, principalmente no lado que dá para a Rua José Montaury. E tudo isso a menos de 50 metros do gabinete do prefeito. Ora, o próprio Centro Histórico já está degradado e vem esse grande depósito de lixo fedorento se juntar ao seu visual. O prefeito ainda não deve ter visto isto, assim como não vê muitas outras coisas erradas na cidade, como, por exemplo, a "pavimentação" no entorno da Praça XV – também debaixo dos seus olhos – feita de qualquer jeito, com o dinheiro do contribuinte sendo jogado pelo ralo. Aliás, em dezembro, em artigo que publiquei no Correio do Povo, pedi ao nosso alcaide que inspecionasse essas obras, que até já foram recebidas pela Prefeitura. Certamente, ele não teve tempo para atender ao meu pedido. Voltando ao Guaspari, não sei o que possa ter acontecido com a empresa que, segundo se conta, começou ainda no final do século 19 com quatro irmãos alfaiates oriundos da Itália. (Nas fotos, catadores dormindo em meio ao lixo e os seus inseparáveis carrinhos; o prédio da Guaspari nos anos 40; e a visão tétrica atual)